Sérgio Petecão

A família, proprietária de uma bomba de gasolina flutuante na margem do rio Acre, passou a ter contatos com os ribeirinhos que precisavam adquirir combustível. Algum tempo depois, adquiriram um posto de gasolina, localizado na Rua Seis de Agosto, nome também dado ao bairro onde nasceu.

Na juventude, e por sempre gostar de praticar esportes, passou cada vez mais a incentivar eventos esportivos entre a juventude, na cidade e zona rural. Após concluir o então 2º Grau, foi convidado a se candidatar. Sua primeira eleição foi para vereador, em 1984, tendo obtido 599 votos, não conseguindo êxito na sua primeira empreitada. Como se diz no popular, “quando se entra na política, e ela entra no sangue, não tem mais jeito”.

Em 1994, Sérgio Petecão foi eleito deputado estadual com 1.677 votos. Quatro anos, depois foi reeleito, obtendo 2.945 votos. Desta feita, fazendo parte da Frente Popular do Acre (FPA), e, dentro da nova força política que surgia, Petecão foi eleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac). Em 2002, ele foi reeleito novamente deputado estadual, com 3.596 votos e, consequentemente, reeleito presidente da Casa, perfazendo um total de oito anos, algo inédito na história do Poder Legislativo do nosso país.

A ousadia e a mobilização popular, além do reconhecimento de seu trabalho, pela lealdade em defender o “projeto” ao qual pertencia, a determinação em enfrentar os famosos “marajás”, o crime organizado e ter coordenado todas as votações dos projetos que fizeram as mudanças estruturais no Acre, renderam a eleição para deputado federal com 27.936, o segundo mais votado no Estado.

Na Câmara Federal, assumiu a liderança do PMN e se destacou como o primeiro parlamentar acreano num cargo dessa natureza. Assumiu ainda a 1ª Vice-Presidência da Comissão da Amazônia, além de ser membro-titular da Comissão de Constituição e Justiça e da CPI da energia elétrica.

 Foi aclamado pelo PSDB, DEM, PPS, PSL, PSC, PT do B e PMN para ser um dos representantes das forças políticas de posição no Senado Federal. Este é o Petecão 100% popular e do jeito que o povo quer. Acompanhado sempre pelo seu talismã, o anão Montana Jack, ele veio à redação de A Tribuna para conceder a seguinte entrevista:

ENTREVISTA

A TRIBUNA – Por que o senhor é candidato a Senador da República?
Petecão – Essa candidatura nasceu de um entendimento entre os membros da oposição. Nós precisamos lançar uma candidatura competitiva, com densidade eleitoral para ajudar nas demais candidaturas majoritárias. Daí, me fizeram o convite. Eu confesso que pedi um tempo para pensar, também conversar com as pessoas próximas a mim. Quando vou tomar decisões, procuro ouvir os amigos, familiares e aliados políticos. Por entender que eu precisava dar uma contribuição, até porque alguns partidos de oposição já me ajudaram em momentos difíceis, tomei a decisão de aceitar.  

A TRIBUNA – Como o senhor explica os altos índices de aceitação que o seu nome recebe ao Senado, segundo pesquisas recentes?
Petecão - Primeiro quero dizer que estou muito grato. De imediato, eu te confesso que não esperava essa aceitação. Achava que, no decorrer da campanha, iríamos crescer. Mas tínhamos por certo que o povo do Acre jamais iria dar duas vagas para a FPA. A democracia precisa de um contraponto, um contraditório, pois toda unanimidade, como diz Nelson Rodrigues, é burra. Tenho certeza que posso contribuir nesse campo, até porque, dentro de uma canoa, todo mundo remando do mesmo lado, ela não vai pra frente. Eu acho que o Estado teve alguns avanços, isso é visível e notório, porém não podemos hegemonizar todas as forças políticas num só campo.

A TRIBUNA – O Acre é o melhor lugar para se viver na Amazônia?
Petecão – Desenvolvimento é mudança na qualidade de vida, sobretudo dos mais necessitados. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) destoa dessa idéia de que vivemos no melhor lugar para se viver na Amazônia. O Acre, para mim, sempre será o melhor lugar para se viver no mundo, mas ainda precisamos fazer muito pelo nosso povo.

A TRIBUNA – Como surgiu o slogan 100% Popular?
Petecão – Quando eu fui candidato a vereador, inclusive perdi a eleição, eu procurei um rapaz para pintar umas camisas. Eu mostrei para ele o meu slogan ‘Jovem e competente’ e, de imediato, ele falou que aquilo estava muito manjado. E continuou: “você é um cara popular”. Ele me via interagindo com as pessoas no posto de gasolina. Não fui eu quem bolou o slogan, foi a vida que bolou ele pra mim. Hoje, virou uma bandeira, um símbolo de uma trajetória pessoal e política. 

A TRIBUNA – Qual vai ser o maior desafio de seu mandato, caso se eleja Senador da República? 
Petecão – Vai ser torná-lo acessível a todas as pessoas que o procurarem. Eu gostaria de saber por quer a maioria dos políticos não recebem as pessoas? Eu fui deputado estadual por três mandatos, presidente da Assembleia e agora sou deputado federal e nunca tive problema com isso. Um dos questionamentos que eu faço é que, quando a gente faz reunião da bancada acreana em Brasília, eles nunca participam. Os senadores querem ter um tratamento diferenciado. Eu quero ser senador, mas também quero continuar a minha vida. Por que um senador, por exemplo, não pode se reunir com dez produtores no Moreno Maia (projeto de assentamento localizado na estrada transacreana)? Para mim, isso é a maior satisfação, sinceramente.

A TRIBUNA – Quais são as suas principais propostas como candidato a senador? 
Petecão – Recentemente em São Paulo, eu acompanhei algumas experiências com produção. Eu tenho absoluta certeza que este é o principal problema do Acre. Precisamos pensar um novo viés econômico para tirar a nossa economia dessa dependência dos repasses do Governo Federal. Por que a gente não produz alimentos para a nossa população? Quando o ministro da Agricultura perguntou se a região do Vale do Juruá era construída em cima de uma lage... ou seja, por que importar alimentos que podem ser perfeitamente cultivados aqui? Produzindo, você emprega. Quando emprega, gera renda, o comercio se movimentando e o excedente a gente exporta. Isso é uma cadeia produtiva. Isso é desenvolvimento. Mas veja bem, é preciso distribuir a riqueza para todos os grupos sociais.

A TRIBUNA – Aqui de fora dá a impressão de que a oposição não se entende. Será que não estão faltando verdadeiros líderes?
Petecão – Nós temos problemas como qualquer coligação ou aliança. Como se trata de política, isso é um processo natural. Lá no nosso debate, tô te falando do fundo do meu coração, a gente dá espaço para as pessoas se manifestarem. A democracia tem os seus louros e os seus revezes. 

A TRIBUNA – Nesta campanha, o Petecão pode “puxar” o candidato a governador Tião Bocalom?
Petecão – Na nossa chapa majoritária, existe um sentimento de ajuda mútua. Estamos numa mesma trincheira política.

A TRIBUNA - Como o senhor define hoje o problema com as drogas. Como combater?
Petecão - As drogas sempre foram um problema muito presente no Acre, sobretudo por ser um estado de fronteira com a Bolívia e Peru. Por isto mesmo eu fui o primeiro parlamentar a apresentar no Congresso um pedido de programa federal para o combate e prevenção ao “crack”. Fui ainda um dos criadores e primeiros participantes na Câmara Federal da Frente de Combate às Drogas. Aproveitei  também para pedir ao Ministério da Justiça a instalação no Acre dos Postos Especiais de Fronteira (Pefrons) para combate ao narcotráfico nos municípios vizinhos. Finalmente, estamos propondo a construção de um hospital estadual para tratamento dos dependentes químicos.

A TRIBUNA- O Acre é um Estado de fronteira e isto traz grandes problemas. Como pretende solucioná-los?
Petecão - Sem dúvida alguma, nossa localização geográfica tanto pode facilitar como criar problemas. Por esta razão é mais que necessário controle e fiscalização rigorosos de nossas fronteiras. Daí porque solicitei ainda ao Ministério da Justiça o aumento do efetivo da Polícia Federal no Estado e a criação da Superintendência da Policia Rodoviária Federal no Estado. Até hoje, o Acre depende em tudo da PRF de Rondônia enquanto nossas BR’s precisam de mais agentes para um policiamento adequado ao longo das vias.

A TRIBUNA- A criação das ZPE’s foi comemorada como a solução dos problemas pela equipe de Governo. O que o senhor acha?
Petecão - É claro que todos vamos torcer para que as ZPE’s dêem certo. Mas existem problemas estruturais. Primeiro é saber o quê e como produzir. Depois é saber para onde exportar, sem falar na concorrência fenomenal dos países asiáticos que têm experiência e um mercado consumidor já conquistado. Basta lembrar que as Zonas de Livre Comércio de Cruzeiro do Sul, Brasiléia e Epitaciolândia foram criadas oficialmente enquanto Ciro Gomes era ministro da Fazenda e nunca saíram do papel.

A TRIBUNA - A área da saúde é um dos principais problemas das recentes administrações do Estado. O que o senhor tem a sugerir?
Petecão - É evidente que não temos uma saúde de primeiro mundo. A realidade é bem diferente. Há pouco tempo a grande imprensa noticiou que o Acre possuía um único mamógrafo para atender todos os casos de doença de mama atendidos pelo SUS, ou seja, a quase totalidade. Esta é a verdadeira radiografia da saúde no Estado. Diante da situação, só me restou pedir ao Ministério da Saúde o envio de 5 mamógrafos em nível de emergência para que os doentes acreanos pudessem ter seu diagnóstico e tratamento assegurados aqui mesmo no Acre.