“O fim da Frente Popular está próximo”, diz Dindim prefeito de Feijó

Evandro Cordeiro
Dindim Pinheiro, prefeito de Feijó
Dindim Pinheiro, prefeito de Feijó
Dindim Pinheiro, prefeito de Feijó, é um boquirroto famoso. As frases de efeito que ele solta ante a menor provocação, para sorte dele, só não são maiores que seus feitos como administrador, mesmo quando presidiu uma Câmara Municipal cujo orçamento é tão frugal quanto ao de uma bombonieri.

A última do prefeito que derrotou todo o poderio da Frente Popular numa eleição improvisada, realizada em meados do ano passado para refazer o Estado de Direito num município onde o prefeito - Juarez Leitão (PT) - acabara de ser cassado, foi meio apocalíptica: “O fim da Frente Popular está próximo”. Ele tem razões para dar declarações nesse sentido, uma delas a que parece mais razoável, o fato de ser filiado ao PSDB, a força antagônica à esquerda acreana. Eleito “pela vontade do povo”, sem dispor de um tostão para a campanha, ele tornou-se ícone da oposição, que patina há mais de uma década na estrada de volta ao poder. Tudo o que ele fala é lei para os correligionários e digno de elogios diante da população do município dele.

Dindim Pinheiro é, na verdade, Raimundo Ferreira Pinheiro, nascido no dia 22 de março de 1962, no Seringal Boa Esperança, situado no baixo rio Envira, o cafundó do Judas da parte mais ocidental do Acre. Filho do soldado da borracha Aldo Joel Pinheiro e de dona Maria Francisca Gomes Pinheiro, Dindim se torna um obstinado pela política após ganhar o primeiro dos três mandatos de vereador, quinze anos atrás.

Como vereador optou sempre por duas bandeiras, a de oposição e da solidariedade. “Meu negócio é ajudar o povo. Me sinto bem fazendo isso”, afirma orgulhoso. Para esse homem chegar à prefeitura de Feijó, todavia, não foi fácil. Disputou a eleição ordinária de 2008, mas perdeu “para o esquema financeiro” segundo ele comandado pelo PT.

Um semestre depois a Justiça Eleitoral cassa o prefeito Juarez Leitão (PT) e convoca eleições extraordinária. Dindim Pinheiro volta à disputa e saiu vitorioso de um processo não menos inglório, conforme ele mesmo. “Era dinheiro demais, meu irmão, mas nós vencemos porque o povo queria”, fala. A seguir veja trechos de uma entrevista em que o prefeito se expressa como alguém em quem a oposição deposita esperanças para encarar, em outubro próximo, uma coligação de partidos que acostumou-se ao poder nos últimos 15 anos:

Prefeito quantos mandatos por toda a sua carreira política?
Dindim – Com muito orgulho tive três mandatos como vereador, sempre muito bem votado. No último deles presidi a Câmara. Atualmente sou o prefeito de Feijó pela vontade do meu povo.

– O senhor tem fama de falastrão e de “alvoroçado”. Isso lhe incomoda?
Dindim – Tenho essa fama e não tenho a menor vergonha disso. Dizem que eu sou doido e que falo demais. Na verdade sou doido porque me acordo às 5 da manhã e trabalho até às 9 da noite pelo povo do meu município. Se for preciso andar de embarcação eu ando, se for preciso fazer duas, três viagens num teco-teco num dia pela minha população eu faço. Por isso mês chamam de doido. Do ponto de vista político essa turma da Frente Popular me chama de doido porque eu penso diferente do grupo deles. Mas olha só: se for pra ser tachado de doido por trabalhar muito e se preocupar com o povo carente eu prefiro ser louco.

O senhor venceu uma eleição que parecia improvável, uma vez que Feijó sempre foi célula do PT. O que aconteceu?
Dindim – O que aconteceu? O que aconteceu é que a população cansou. Não fui eu quem venceu a FPA, foi a população sofrida que reconheceu minha dedicação durante todo esse tempo em que eu tenho mandato. Esse povo resolveu ficar do meu lado e tiveram sorte, porque agora eu estou 24 horas ao lado deles.

Seu FPM é pouco, o senhor inclusive nem gosta de falar em valores, e Feijó não é município tão pequeno. Como tem sido administrar um caos contábil como esse?
Dindim – É compromisso com o dinheiro do povo, meu filho. Dinheiro público tem que ser bem aplicado e com transparência, como se fosse o dinheiro de pagar a feira e a luz lá de casa. Eu me dei bem nesse caso, porque não tenho projeto pessoal. Me preocupo muito com meus munícipes, penso no conjunto como um todo. Por isso, dá.

Sua relação com os vereadores é boa?
Dindim – É ótima. Todos eles estão sabendo distinguir cor partidária e trabalho. Eles são fantásticos. Lutam, como eu, por uma Feijó cada vez melhor.

O senhor tem um programa de radio. Dizem que, no ar, o senhor passa ordens aos secretários? É verdade?
Dindim - Sim! Converso com o povo via radio e telefone, e todas as idéias e reivindicações de imediato os secretário já ficam informados e autorizados a agir.

Em outubro, em tese, o senhor vai enfrentar a Frente Popular de novo, uma vez que o senhor não se incomoda em ser prefeito e ao mesmo tempo um opositor ácido do atual governo. O candidato da FPA, senador Tião Viana, é favorito até agora. É possível derr
Dindim – No seu município? Nós vamos derrotá-los no Acre todo. O fim da Frente Popular está próximo. Reino que não passa é só o dos céus. A democracia é alternância de poder.

Feijó parece ser um município complicado de administrar por ser muito rural e não ter vias de acesso, senão as fluviais. Para cuidar da saúde das pessoas, como o senhor faz?
Dindim – Não paramos de trabalhar um minuto. Eu e minha equipe. Temos cinco unidades de Saúde atendendo o povo com carinho e respeito. Foram comprados cerca de R$ 1.200,000,00 de medicamentos e contratamos mais cinco novos médicos, perfazendo um total de doze médicos na rede municipal. A saúde nossa está um show. O povo é só alegria.

No campo da educação houveram avanços também?
Dindim - Claro! Além da contratação de novos professores, eu concedi um aumento de 20%. Fizemos reforma de escolas, e esta no programa de governo deste a construção de mais de 8 a11 escola na zona rural e dependendo da demanda poderemos construir muito mais. Muita merenda de primeira qualidade para nossos alunos, além de um tratamento todos especial a eles.

fonte:
contilnet