Procuradora de carreira do Estado e candidata a deputada estadual, Nazareth Araújo (PT) é filha do primeiro governador do Acre, José Augusto. A candidata passou quatro dias em Cruzeiro do Sul, onde se encontrou com pessoas que conheceram a atuação política do ex-governador.
“Vir para Cruzeiro do Sul é sempre uma grande emoção. Nunca me esqueço a primeira vez que vim à cidade com a minha mãe depois dela passar o período da sua cassação política, em 82. Naquela época, a logística da região era muito complicada e para ir de Cruzeiro a Mâncio Lima se passava um dia inteiro viajando de Jeep. Hoje é uma viagem de 30 minutos”, lembrou.
Para Nazareth Araújo as mudanças na infra-estrutura da região do Juruá foram notáveis. “Vim pela estrada passando por Feijó, Tarauacá e entrei por Rodrigues Alves. Quase tudo num tapete de asfalto. Esse é o sonho de integração do qual meu pai participou. O José Augusto fez o primeiro projeto de estrada no Acre que iria até o Pacífico. Ele almejava o sonho de integração, mas não pôde cumpri-lo”, afirmou.
A própria Nazareth Araújo se sente participante de todo o processo através da sua atuação como procuradora pública. “A gente vê que trabalhou em vários processos de licitação e orientação jurídica para os empréstimos no Banco Mundial para justificar essa integração junto à Procuradoria da Fazenda.
O meu trabalho de procuradora foi um sonho que se transformou numa missão. Acabei ajudando os governantes a concretizarem aqueles programas de governo que viabilizaram as bases para o processo de integração interna do Acre. Nessa minha nova missão de pleitear uma vaga na Aleac será necessário me dispor a utilizar todo meu conhecimento em prol das comunidades das regiões mais afastadas e mais carentes”, salientou.
Origem e contribuição ao Juruá
Uma coisa que impressionou a candidata foi à lembrança dos moradores do Juruá dos tempos de José Augusto. “O contato com as pessoas é extremamente rico no Juruá. Fui à casa de uma senhora que cantou a música da época da eleição do meu pai para governador. Encontrei também o filho de um grande amigo dele que pediu que na sua sepultura fosse colocado um retrato do meu pai. São os vários anseios de pes-soas que sonharam com um Acre autônomo”, afiançou.
Todas essas manifestações inspiram Nazareth Araújo a realizar um trabalho como política para unificar o Estado. “O que me comprometo é ajudar na integração e as estradas já estão abrindo esses caminhos. Mas é preciso que a gente qualifique a juventude dando oportunidade de emprego e possibilitando que as mães possam colocar seus filhos em creches.
Hoje estamos fazendo uma ligação do Juruá com o mundo. Precisamos ter qualidade na nossa mão-de-obra para que mantenhamos a nossa riqueza dentro do Acre com uma economia forte sem destruir a floresta. Precisamos garantir a qualidade de vida para quem aqui reside”, argumentou.
A questão da mulher
Indagada sobre as ações que pretendem realizar para melhorar as condições de vida das mulheres acreanas, Nazareth, explica: “acredito que atualmente as mulheres trabalham junto com os homens para uma sociedade melhor. Temos muitas mulheres chefes de família e o próprio sistema nacional que trata da questão fundiária prefere colocar a propriedade dos pedaços de terra sob o manto da mulher. Isso porque ela pensa antes de colocar uma propriedade à venda.
Ela quer que aquilo seja uma fonte para gerar o sustento dos seus filhos. Quando a gente fala das ca-deias sócio-produtivas é para que todos se juntem para descobrirem as suas próprias capacidades para alcançarem a sua independência. Isso através da melhoria da qualidade de vida dessas pessoas com organização e apoio jurídico e técnico”, disse ela.
Debate na Aleac
Quanto ao papel que pretende desempenhar nas funções legislativas, Nazareth, ressalta a importância do trabalho em equipe. “A democracia é um processo permanente de se aprender a manter um posicionamento, mas convivendo com a divergência. Tem que se ter argumentação no parlamento associada com a arte de expor as suas idéias e colocar as necessidades das comunidades que estão sem recursos. É preciso incentivar o debate. Não adianta se eleger um governador sem a garantia de uma boa base de governabilidade no poder legislativo. É necessário haver coerência na escolha dos candidatos proporcionais”, ponderou.
A candidata acredita que a sustentabilidade vem pela argumentação. “É importante colocar pessoas na Aleac capazes de garantir a vez e a voz das populações mais humildes.
A luta dos meus pais sempre foi para provar que vale a pena trabalhar para concretizar um ideal humanitário. Não existe um salvador da pátria é cada um de nós que através da própria consciência vai se tornando um salvador da pátria.
Na hora que uma pessoa tenta colocar uma oferta de que se der alguma coisa troca pelo voto, o próprio político tem que recusar. Uma coisa é caridade e a outra é a consciência da cidadania. Acho que os políticos estão assumindo esse caminho e a população está se conscientizando da importância do processo do coletivo”, finalizou.
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