Apenas um médico se reversa para fazer as visitas nos leitos, ambulatório e atender as emergências.

A estudante Geane Oliveira, 12 anos, chora no corredor do hospital

Familiares da estudantes revoltados com a demora no atendimento
Somente em Sena Madureira moram cerca de 40 mil pessoas, que não têm nem mesmo como procurar assistência em outras entidades públicas ou particulares, já que o João Câncio Fernandes é o único hospital do município.

A mãe olha o sofrimento da filha, que arde em febre

Ana Cássia, de apenas cinco anos, chora enquanto espera por atendimento
“Mas quando a gente procura um médico é a mesma coisa que encontrar uma agulha no palheiro”, diz uma servidora, que relata o sofrimento das pessoas que precisam de atendimento, e também dos médicos, que segundo ela, estão estressados devido aos extensos plantões.
A reportagem da ContilNet esteve em Sena Madureira e fez o flagrante de crianças chorando com dor no ouvido; outras com sintomas da dengue choravam nos corredores. Um homem sentado no chão reclamava da demora no atendimento. “Estou vendo a hora morrer aqui mesmo”, disse em tom de desespero.
A menina Ana Cássia Arantes Nunes da Silva, de apenas cinco anos de idade, disse que estava sentindo muitas dores e que só queria ser atendida por um médico para retornar à sua casa. Na mesma situação encontrava-se Geane Oliveira da Silva, 12, que não conseguia conter as lágrimas.
Um médico para fazer tudo
O médico de plantão tem que fazer as visitas aos leitos, ambulatório e atender as emergências. “Apesar de gostar demais de Sena Madureira, que tenho como minha terra, estou para pedir demissão e ir embora. Estou cansado de promessas. Nesse concurso tão propalado, só foram contratados dois médicos para um município que é o maior terceiro do Acre. O Ministério Público bem que podia interferir”, disse um conceituado médico do hospital.“Imagine quando tem duas mulheres na sala de parto, os doentes chamando nos leitos e o hospital lotado de gente nos consultórios”, completou um enfermeiro.
De acordo com dados do setor de atendimento ao público, cerca de 150 pessoas são assistidas diariamente no hospital. Além de Sena, os municípios de Manoel Urbano, Santa Rosa e Boca do Acre, no Amazonas, também procuram assistência médica no local.

Antonia Gadelha, diretora do João Câncio Fernandes
Direção garante a contratação de médicos
Ao falar com a reportagem, a diretora do hospital, Antonia Gadelha disse que o Governo do Estado está providenciando a contratação de mais médicos para o próximo mês. “O governo fez um concurso público para contratar mais médicos, enfermeiros e outros servidores. Eles já estarão trabalhando no mês de maio”, garante.
Entrada da sala de parto do João Câncio Fernandes
Hospital é um dos mais bem equipados do Acre
Apesar dos problemas que vem enfrentando com a falta de médicos, o João Câncio Fernandes é uma das instituições da Secretaria de Saúde do Governo do Acre que mais se destaca quando se trata de organização, abastecimento de remédios, limpeza e alimentação. O setor administrativo do hospital recebeu nota 8,9 em uma avaliação feita pela Sesacre, ficando, portanto, em primeiro lugar entre todos os hospitais da rede pública do estado.

A organização dos leitos contrasta com a falta de profissionais para atender os pacientes
“Todos sabem que o hospital de Sena é bem estruturado no que se refere a equipamentos, medicamentos e alimentação. Mas não adianta ter tudo isso se não tiver médicos para atender a população”, diz o vereador Josandro Cavalcante (PSDB).

A sala de parto do hospital é bem estruturada, mas falta profissionais que se dediquem exlcusivamente ao setor
O parlamentar diz que os médicos contratados pelo estado e pela prefeitura não têm como atender em dois lugares ao mesmo tempo. “Então, eles chegam nos postos, ficam por alguns instantes e vão para o hospital, levando a demanda”, denuncia.